quarta-feira, 24 de novembro de 2010

CAPITULO 22: APLICAÇÕES ECOLÓGICAS AO NÍVEL DAS COMUNIDADES E ECOSSISTEMAS

PARTE 3 – COMUNIDADES E ECOSSISTEMAS         
EXTRAIDO DE BEGON, TWONSEND E HARPER, 2007
RESUMO

               
                Neste último capítulo da trilogia sobre aplicações ecológicas, tratamos da aplicação da teoria relativa à sucessão, às teias alimentares, ao funcionamento do ecossistema e à biodiversidade.
                Os gestores ambientais precisam estar conscientes de que a composição da comunidade dificilmente será estática. Objetivos de manejo que parecem necessitar de estase – a produção anual de uma cultura agrícola, a restauração de uma combinação particular de espécies, a sobrevivência a longo prazo de uma espécies ameaçada – provavelmente falharão se não considerarem a sucessão.
                Cada espécie que preocupa os gestores tem os seus competidores, mutualistas, predadores e parasitos, e o reconhecimento de tais interações complexas é freqüentemente necessário para direcionar as atividades de manejo em vários campos, incluindo as doenças humanas, a conservação, o extrativismo e a biossegurança.
                O escoamento de nutrientes das terras agrícolas, juntamente com os esgotos tratado e não-tratado, podem afetar o funcionamento dos ecossistemas aquáticos por meio do processo de eutrofização cultural que aumenta a produtividade, altera as condições abióticas e muda a composição de espécies da comunidade. Uma solução potencial é a “biomanipulação” das teias alimentares dos lagos para reverter alguns dos efeitos adversos do aumento de nutrientes no ambiente. Além disso, o conhecimento do funcionamento dos ecossistemas terrestres pode ajudar a determinar práticas de cultivo ótimas, em que a produtividade da lavoura envolve uma entrada mínima de nutrientes. O estabelecimento dos objetivos de restauração de ecossistemas (e a habilidade de monitorar se tais objetivos foram alcançados) requer o desenvolvimento de ferramentas para medir a “saúde do ecossistema” de ambientes terrestres e aquáticos.
                Grande parte da superfície do planeta é usada para, ou adversamente afetada por, habitação humana, indústria, mineração, produção de alimento e exploração de recursos. Por isso, precisamos, com urgência, utilizar nosso conhecimento sobre a distribuição da biodiversidade para planejar redes de reservas terrestres e aquáticas, sejam elas especificamente voltadas à conservação ou destinadas para usos múltiplos, como uma combinação de extrativismo, de turismo e de conservação.
                Concluímos enfatizando uma realidade que os ecólogos aplicados não podem ignorar. A aplicação da teoria ecológica nunca ocorre isoladamente. Em primeiro lugar, existem considerações econômicas inevitáveis: como os produtores rurais podem maximizar a produção e simultaneamente minimizar as conseqüências ecológicas adversas de sua atividade? Como a biodiversidade e o funcionamento do ecossistema podem ser avaliados juntamente com os lucros da silvicultura e da mineração? Como maximizar o retorno dos limitados recursos financeiros destinados a conservação? Segundo, quase sempre existem considerações sociopolíticas: que métodos podem ser utilizados para conciliar os interesses dos diferentes grupos envolvidos? O manejo sustentável deveria ser estabelecido por lei ou promovido pela educação? Como as necessidades e perspectivas dos povos indígenas podem ser levadas em consideração? Tais questões estão unidas na chamada base tripla da sustentabilidade, com suas perspectivas ecológica, econômica e sociopolítica.

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