PARTE 2 - INTERAÇÕES
EXTRAIDO DE BEGON, TWONSEND E HARPER, 2007
RESUMO
Reunimos tópicos de capítulos anteriores, buscando explicar variações em abundância.
Os ecólogos podem enfatizar a estabilidade ou as flutuações. Para esclarecer essas perspectivas contrastantes, é necessário distinguir claramente entre fatores que determinam e aqueles que regulam a abundância. Assim procedendo, revisamos conflitos históricos entre os pontos de vista de Nicholson e Andrewartha e Birch. Descrevemos, então, em linhas gerais, as abordagens demográficas mecanística e de densidade para a investigação de abundância.
Iniciando com a abordagem demográfica, explicamos a analise do fator-chave, seus usos, mas também suas deficiências. Por conseqüência, explicamos também a analise da contribuição da λ, que supera alguns dos problemas com a análise de fator-chave, e, ao desenvolver essa explicação, descrevemos e aplicamos a análise da elasticidade.
A abordagem mecanística relaciona o nível ou presença de um fator (quantidade de alimento, presença de predadores) com a própria abundância ou a taxa de crescimento populacional. Isso pode simplesmente tratar-se de correlações, mas pode, alternativamente, envolver a perturbação experimental de populações. Verificamos que a introdução de um agente de controle biológico é um exemplo particular dessa abordagem.
As correlações com densidade não estão ausentes em outras abordagens, mas a abordagem da densidade enfoca as dependências da densidade em si mesma. Explicamos como as análises de series temporais buscam dissecar as dependências da densidade, em especial as forças relativas de dependência direta e em retardo da densidade, quando a abundância em um dado tempo é expressa como reflexo de abundâncias em tempos diferentes no passado (“retardos no tempo”). Mostramos, além disso, como análises relacionadas podem ser valiosas na contagem e na caracterização de retardos em uma descrição ótima de uma série temporal, e também na avaliação das respectivas contribuições de processos densidade-depedentes e densidade-independentes (especialmente climáticos) na determinação da abundância.
Os ciclos regulares e de multigerações têm sido de muitas maneiras, e por muitos anos, os marcos referenciais em relação aos quais os ecólogos têm testado sua capacidade de entender a determinação de abundância. Explicamos como os ciclos podem ser identificados dentro de séries temporais e, depois, examinamos três estudos de caso em detalhe.
Os ciclos do galo-selvagem-vermelho ilustram as dificuldades de distinguir explanações alternativas – parasitos e parentesco/comportamento territorial -, ambos com suporte.
O trabalho sobre ciclos em lebres ilustra a reunião de análises detalhadas de séries temporais e resultados obtidos por meios experimentais muito mais diretos. Ele também fornece uma advertência ponderada das dificuldades logísticas e práticas que necessitam ser admitidas e superadas para estabelecer explicações.
Mais esforços têm sido dedicados aos estudos de ciclos populacionais em roedores microtíneos (ratos silvestres e lemingues) do que em qualquer outro grupo de espécies. Descrevemos as tendências geográficas dos ciclos e a necessidade de uma explicação se suas causas. Observamos que tal explicação deve reconhecer que os ciclos são resultado de um processo de “segunda ordem”: uma combinação de um processo com dependência direta da densidade e um processo com dependência em retardo da densidade. Em seguida, examinamos três conjuntos de explicações, que diferem quanto à fonte de dependência em retardo de densidade: (i) as teorias “intrínsecas”, incluindo efeitos maternos; (ii) a “hipótese de predação por especialistas”, apoiada por modelos matemáticos e experimentos de campo, embora ambos tenham sido sujeitos à crítica ou evidencia contraditória; e (iii) as teorias enfocadas no alimento, que também apresentam alguns problemas.
Concluímos reconhecendo que nenhuma das perguntas formuladas no início do capítulos tem respostas simples.
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