quinta-feira, 18 de novembro de 2010

CAPITULO 19: A INFLUÊNCIA DE INTERAÇÕES POPULACIONAIS NA ESTRUTURA DE COMUNIDADES

PARTE 3 – COMUNIDADES E ECOSSISTEMAS
EXTRAIDO DE BEGON, TWONSEND E HARPER, 2007
RESUMO

                Espécies individuais podem influenciar a composição de comunidades inteiras de diversas formas. Neste capitulo, focamos nas formas pelas quais competição, predação e parasitismo podem moldar comunidades.
                A visão de que a competição interespecífica possui um papel central e poderoso na moldagem de comunidades foi inicialmente encorajada pelo principio de exclusão competitiva, que implica um limite de similaridade entre espécies competidoras e, portanto, um limite de espécies que podem coexistir em uma dada comunidade até a saturação do espaço de nicho. É consenso que a competição às vezes afeta a estrutura de comunidades, embora também seja consenso o fato de a competição nem sempre possuir um papel fundamental. Portanto, outros fatores podem impedir a exclusão competitiva, seja pela redução de densidades ou pela reversão, periódica, da superioridade competitiva. Ainda, mesmo quando a competição é intensa, as espécies podem coexistir caso possuam distribuições agregadas, com cada espécie distribuída de forma independente das outras.
                Evidências de estudos de comunidades envolvendo diferenciação de nicho no espaço e no tempo, em termos de uso de recursos importantes, são consistentes com o papel de competição na determinação da composição de comunidades. Entretanto, a mera documentação de diferenças entre espécies é insuficiente. A abordagem de estudo tem sido a construção de modelos nulos de comunidades que possuam algumas características de suas equivalentes reais (em termos de dieta, morfologia bucal ou distribuição das espécies coexistentes), mas que sejam montadas ao acaso, excluindo as conseqüências da competição. Comparações entre padrões previstos e observados algumas vezes tem dados suporte ao papel de competição, embora isto não seja uma regra em todos os casos.
                Animais pastadores às vezes favorecem o aumento de riqueza em espécies de plantas (coexistência mediada por consumidor) por interromperem o processo de exclusão competitiva, impondo, portanto, sua própria ordem na composição de espécies. A coexistência de plantas mediada por pastadores é mais comum em situações ricas em nutrientes e nas quais as plantas consumidas preferencialmente são superiores competitivamente às plantas menos consumidas.
                Animais carnívoros podem, de maneira semelhante, aumentar a riqueza em espécies de presas. Isto tem sido registrado para invertebrados em costões rochosos e comunidades de aves florestais, embora não para comunidades em fendas hidrotermais no fundo de oceanos ou estudos em ambientes terrestres envolvendo insetos e aranhas. O resultado final de predação em termos de riqueza em espécies depende, novamente, de diversos fatores, incluindo o padrão de preferência alimentar e as habilidades relativas das presas em termos de competição.
                A incidência de um parasito, assim como em outros casos de consumo, pode determinar a presença ou não de uma espécie hospedeira em uma área; parasitos podem causar também efeitos pouco perceptíveis, influenciando espécies que interagem fortemente com outra ou ainda espécies engenheiras, seja em comunidades terrestres, de água doce ou marinha. Os parasitos algumas vezes são responsáveis por coexistência medida por consumo.
                As comunidades não são necessariamente estruturadas por um único processo biológico, e o papel de consumidores na modelagem da estrutura de comunidades pode depender das condições abióticas. Efeitos biológicos podem freqüentemente ser menos significativos em comunidades em que as condições físicas são severas, variáveis ou imprevisíveis.

Nenhum comentário:

Postar um comentário