quinta-feira, 18 de novembro de 2010

CAPITULO 20: TEIAS ALIMENTARES

PARTE 3 – COMUNIDADES E ECOSSISTEMAS
EXTRAIDO DE BEGON, TWONSEND E HARPER, 2007
RESUMO

                Neste capitulo, mudamos o foco para sistemas que comumente possuem ao menos três níveis tróficos e “muitas” espécies.
                Descrevemos efeitos “inesperados” em teias alimentares, em que, por exemplo, a remoção de um predador pode determinar um decréscimo na abundancia de presas.
                A cascata trófica é o efeito indireto dentro da teia alimentar que tem recebido mais atenção. Discutimos as cascatas em sistemas com três e quatro níveis tróficos e questionamos se elas são igualmente comuns em todos os tipos de hábitats, destacando a necessidade de fazer uma distinção entre as cascatas no nível da comunidade e no nível da espécie. Foi questionado se as teias alimentares, ou tipos especiais de teia alimentar, são dominados pelo controle de cima para baixo (cascata trófica) ou de baixo para cima. Após, definimos e discutimos a importância de espécies-chave.
                Toda a comunidade ecológica pode ser caracterizada pela sua estrutura, sua produtividade e sua estabilidade temporal. São apresentados os diferentes significados de “estabilidade”, distinguindo resiliência e resistência, estabilidade local e global, e fragilidade e robustez dinâmicas.
                De acordo com a “sabedoria convencional”, durante muitos anos, as comunidades mais complexas eram consideradas mais estáveis. Descrevemos os modelos matemáticos simples que, pela primeira vez, abalaram esta corrente de opinião. Mostramos como, em geral, têm sido ambíguos os efeitos da complexidade da teia alimentar sobre a estabilidade das populações em sistemas modelados, e, para as propriedades agregadas de comunidades modeladas como um todo, como a sua biomassa ou produtividade, a complexidade (especialmente a riqueza em espécies) tende a aumentar a estabilidade de maneira consistente.
                Em comunidades reais, da mesma forma, a evidencia é ambígua em nível de população, incluindo os estudos que examinam as relações entre riqueza em espécies e conectância e aqueles que manipulam experimentalmente a riqueza. Voltando ao nível de comunidade agregada como um todo, a evidência respalda de modo consistente a previsão de que o aumento da riqueza aumenta a estabilidade (diminui a variabilidade). No entanto, nessas considerações, destacamos a importância da natureza de uma comunidade (não simplesmente a riqueza), retornando à importância de espécies-chave.
                São discutidas as limitações e os padrões no comprimento de cadeias alimentares. Examinamos a evidencia segundo a qual o comprimento da cadeia alimentar é limitado pela produtividade, pelo “espaço produtivo” (produtividade combinada com o tamanho da comunidade) ou simplesmente pelo “espaço” – mas essa evidência não é conclusiva. Examinamos, igualmente, os argumentos segundo os quais o comprimento de cadeias alimentares é limitado pela fragilidade dinâmica (em última análise, não-convincente) ou por restrições à morfologia e ao comportamento dos predadores. Há uma evidente necessidade de estudos rigorosos de muito mais teias alimentares, antes que possam ser feitas generalizações aceitáveis.
                Examinamos o esforço em ligar a prevalência da onivoria e seus efeitos sobre a estabilidade da teia alimentar. É destacado que nos primeiros trabalhos a onivoria era considerada rara e desestabilizadora, e os trabalhos recentes mostram que ela é comum e sem efeito consistente sobre a estabilidade.
                Finalmente, perguntamos se as teias alimentares tendem a ser mais compartimentadas do que seria esperado pelo acaso. Como as divisões dos hábitats são sutis, a evidência de compartimentos é bastante pobre, havendo mesmo grande dificuldade em demonstrar a sua existência (ou a sua falta) dentro dos hábitats. No entanto, existe um consenso, a partir de estudos teóricos, de que as comunidades aumentam a estabilidade se elas são compartimentadas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário