EXTRAIDO DE BEGON, TWONSEND E HARPER, 2007
RESUMO
Os ecólogos e os gestores ambientais precisam identificar maneiras efetivas de aplicar o conhecimento cientifico para lidar com a ampla gama de problemas ambientais que enfrentamos. Neste capitulo, discutimos aplicações ecológicas da teoria e do conhecimento no nível individual e populacional. Este é o primeiro de um trio de capítulos; os outros abordarão de uma maneira semelhante à aplicação dos fundamentos da ecologia no nível das interações interespecíficas e no nível das comunidades e ecossistemas.
As estratégias de manejo em geral se baseiam na habilidade de prever onde as espécies se adaptarão melhor, seja no caso de desejarmos realizar a revegetação dos solos contaminados, restaurar hábitats degradados de espécies animais, prever a distribuição futura de espécies invasoras (e, por meio de medidas de biossegurança, evitar sua chegada) ou conservar espécies sob risco de extinção em novas unidades de conservação. Descrevemos como nosso entendimento da teoria do nicho fornece a fundamentação básica para muitas ações de manejo.
A bionomia de uma espécie é outra característica básica que pode guiar o manejo. Certas combinações de características ecológicas ajudam a determinar os padrões vitalícios de fecundidade e sobrevivência, os quais, por sua vez, determinam a distribuição e a abundancia das espécies no espaço e no tempo. Consideramos o caso de determinadas características (como o tamanho da semente, a taxa de crescimento, a longevidade e a flexibilidade comportamental) serem uteis para os gestores preocupados com a probabilidade de uma espécie representar uma parte de sucesso em um projeto de restauração de um habitat, ser uma exótica problemática ou ser uma candidata a extinção e, dessa forma, merecedora de prioridade de conservação. O tamanho corporal se mostrou um indicador particularmente importante do risco de extinção.
Uma característica de particular influencia no comportamento dos indivíduos, sejam animais ou plantas, é o seu padrão de deslocamento e dispersão. O conhecimento do comportamento migratório e do comportamento de dispersão em um ambiente fragmentado pode dar suporte as tentativas de restauração de hábitats danificados e subótimos, bem como ao planejamento de unidades de conservação. Além disso, um entendimento detalhado dos padrões de transmissão de espécies pela ação do homem nos permite prever e conter a disseminação de espécies invasoras.
A conservação de espécies sob o risco de extinção requer um entendimento profundo da dinâmica de pequenas populações. A teoria diz que os biólogos da conservação devem estar atentos aos problemas genéticos das pequenas populações, os quais precisam ser considerados durantes a elaboração de planos de manejo para a conservação. As pequenas populações também são sujeitas a certos riscos demográficos que aumentam sua probabilidade de extinção. Enfocamos uma abordagem chamada análise de viabilidade populacional (AVP) – uma determinação das probabilidades de extinção que depende do conhecimento das tabelas de vida, das taxas de aumento populacional, da competição intra-específica, da dependência da densidade, das capacidades de suporte e, quando apropriado, da estruturação da metapopulação. Uma análise cuidadosa das populações de determinadas espécies sob risco de ser usada para sugerir abordagens de manejo que apresentam a maior probabilidade de assegurar a sua persistência.
Um dos maiores desafios do futuro para as espécies, os ecólogos e os gestores ambientais é a mudança climática global. Lidamos com a maneira pela qual podemos utilizar o conhecimento sobre a ecologia das espécies, juntamente com as mudanças globais previstas nos padrões das condições fisioquímicas ao redor do globo terrestre, para prever e controlar a disseminação de espécies transmissoras de doenças e outras invasoras e para determinar a localização apropriada para as unidades de conservação.
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