terça-feira, 24 de agosto de 2010

CAPITULO 2: CONDIÇÕES

EXTRAIDO DE BEGON, TWONSEND E HARPER, 2007

RESUMO

Uma condição é um fator ambiental abiótico que influencia o funcionamento dos organismos vivos. Em geral, podemos reconhecer um nível ótimo, no qual um organismo exibe o melhor desempenho. Basicamente, deveríamos definir “melhor desempenho” do ponto de vista evolutivo, mas, na prática, em geral medimos o efeito das condições sobre alguma propriedade-chave, como a atividade de uma enzima ou a taxa de reprodução.

O nicho ecológico não é um local de um organismo, mas um resumo de suas tolerâncias a condições e exigências de recursos. O conceito moderno – hipervolume n-dimensional, segundo Hutchinson – também distingue nichos fundamental e realizado.

A temperatura é discutida em detalhe como uma condição típica e, talvez, a mais importante. Nos extremos superiores e inferiores de temperatura, os organismos acusam prejuízos de funcionamento e, por fim, morrem. Entre os extremos, onde existe um ótimo, eles respondem com uma amplitude funcional, embora essas respostas possam estar sujeitas à adaptação evolutiva e à aclimatização mais imediata.

As taxas de processos biológicos enzimáticos muitas vezes crescem exponencialmente com a temperatura (com freqüência, Q102), mas para taxas de crescimento e desenvolvimento muitas vezes existem apenas leves desvios da linearidade: a base para o conceito grau-dia. Uma vez que o desenvolvimento em geral aumenta mais rapidamente com a temperatura do que o crescimento, o tamanho final tende a decrescer com a elevação da temperatura. As tentativas para descobrir regras universais de dependência da temperatura permanecem um tema de controvérsia.

Explicamos as diferenças e as semelhanças entre organismos endotérmicos e ectotérmicos em especial quanto às suas respostas a uma faixa de temperaturas.

Examinamos variações sobre a superfície da Terra e no interior dela, com uma diversidade de causas: efeitos latitudinais, altitudinais, continentais, sazonais, diários e microclimáticos, bem como os efeitos da profundidade no solo e na água. Cada vez mais, tem-se tornado aparente a importância dos padrões temporais de médio prazo. Entre esses, são dignos de nota a El Niño-Southern Oscillation (ENSO) e a North Atlantic Oscillation (NAO).

Existem muitos exemplos de distribuições de plantas e animais que estão correlacionadas de forma significativa com alguns aspectos da temperatura do ambiente, mas que não provam que a temperatura determina diretamente os limites de distribuição de uma espécie. As temperaturas medidas raramente são aquelas que os organismos experimentam. Para muitas espécies, as distribuições são atribuídas menos às temperaturas médias do que aos extremos ocasionais; e os efeitos da temperatura podem ser determinados amplamente pelas respostas de outros membros da comunidade ou por interações com outras condições.

Muitas outras condições ambientais também são discutidas: o pH do solo e da água, a salinidade, as condições no limite entre o mar e o continente e as forças físicas de ventos, de ondas e de correntes. São feitas distinções entre riscos, desastres e catástrofes.

Muitas condições ambientais estão se tornando gradativamente importantes, devido à acumulação de subprodutos tóxicos de atividades humanas. Um exemplo significativo é a criação de “chuva ácida”. Um outro exemplo é a influencia de gases industriais sobre o efeito estufa e os efeitos conseqüentes sobre o aquecimento global. Uma elevação projetada de 3 a 4 °C para os próximos 100 anos parece um valor razoável como ponto de partida para projeções de efeitos ecológicas, embora o aquecimento global não seja uniformemente distribuído sobre a superfície da Terra. Essa taxa é 50 a 100 vezes mais rápida do que o aquecimento pós-glacial. Devemos esperar mudanças latitudinais e altitudinais nas distribuições de espécies e extinções de floras e faunas.

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